África, terra bruta!
Maputo - Av. 25 de Setembro
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As chuvas voltam a cair com intensidade em Moçambique. Andaram arredadas de Maputo, fazendo estragos por Sofala e Manica, arrastando a tragédia às populações rurais, mas aparentemente estão a chegar à capital, tendo-se instalado já em Gaza, engrossando o Limpopo que, como sabem os mais familiarizados com esta zona, não se ensaia nada para saltar do leito e proceder à dupla missão de que a natureza o incumbiu. Matar e desalojar populações rurais, ao mesmo tempo que fertiliza por aluvião as extensas planícies que o bordejam até à foz no Xai-Xai. Como aliás, o Incomáti. Nos dois ou três anos de seca que sobrevêm às cheias, os terrenos terão mais matéria orgânica cujas unidades de nitrogénio irão ajudar a alimentar populações famintas e resignadas às cíclicas destemperanças do cosmos.
Moçambique é um país de calamidades. Grandes, destruidoras, brutas, apesar da estonteante beleza de algumas delas, como aquelas trovoadas em que os relâmpagos se sucedem em espaços de um segundo por períodos de uma hora ou mais, as chuvas torrenciais, os ventos que arrancam árvores como se fossem folhas de papel, ou o oceano enraivecido, batido pelos ventos zangados com o frio da Antártida e que procuram um pouco de conforto na bacia do Umbelúzi, do Tembe e do Maputo
Moçambique é, talvez, um dos países africanos que melhor fazem jus àquele ditado que diz "África, terra bruta, que até à papaia lhe chamam de fruta". Talvez daí a sua magia.
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Etiquetas: Moçambique
2 Comments:
Ai que saudades....!!!
Joquinhas
Di
Di
É um cenário que se repete amiúde.
Beijinhos
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