segunda-feira, novembro 13, 2006

Investigue-se, já.


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Se houve fenómenos sociais no meu país que nunca me suscitaram realmente grandes inquietações, a nossa propensão inata para o policiamento das massas e a bondade e, diria mesmo, o regozijo, com que o mister de bufo era aceite e respeitado foram alguns deles. Durante algum tempo da minha juventude me interrogava sobre as verdadeiras razões da nossa manifesta competência para a delação e para a insuportável atitude de superioridade de algumas criaturas que se sentiam iluminadas, quiçá pelo divino, para gerir os nossos destinos.

Com alguma rapidez concluí que este desiderato era uma caldo de cultura perfeito para a ocorrência de ditaduras e de ditadores. Já porque é que éramos tão bons a ser bufos e delatores e achávamos que detínhamos o exclusivo das grandes decisões, me passava um pouco ao lado. Hoje entendo-o um pouco melhor, ainda que longe da plenitude de entendimento deste tipo de factores intrínsecos à “marca” lusitana”.

Apesar de tudo somos distraídos, estouvados e mal arrumados. Não fora a Universidade de Santiago de Compostela ter-se lembrado de retirar o doutoramento honoris causa ao caudilho espanhol e o facto de a Universidade de Coimbra ter feito o mesmo passaria despercebido no trânsito. Mas, lembrados pelos espanhóis, de imediato passámos à acção. E das várias acções indignadas que apareceram por ai, destaco o elevado debate entre Medeiros Ferreira e Vital Moreira sobre o assunto. É que um acha que a universidade de Coimbra deveria fazer o mesmo que a de Santiago de Compostela. Já o outro acha que isso é irrelevante. O que verdadeiramente conta é julgar a história e os prevaricadores. Afinal não foi assim há tantos anos e, com sorte, ainda se caça algum dos mentores da decisão do doutoramento, suficientemente vivo para que seja devida e exemplarmente punido.

Há estados de alma que não passam com a idade. Acho mesmo que se refinam!

8 Comments:

At 2:05 da tarde, Blogger Torquato da Luz disse...

A estupidez da ideia de se retirar um título universitário a quem quer que seja (ao sabor das circunstâncias políticas) é de tal modo crassa que todo o comentário me parece inútil.
Mas devo dizer que tal ideia se me afigura inteiramente lógica em Vital Moreira.
Um abraço, caro Espumante.

 
At 2:32 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

O curioso na figura de Vital Moreira é a facilidade com que as pessoas se habituaram ao facto de o homem ser um torcionário convenientemente reciclado da extrema esquerda para a "esquerda democrática" MAS, atenção a este MAS, que é um competente constitucionalista! E como é um excelente constitucionalista perdoa-se-lhe tudo! É o portuguesismo típico.

Joãosemserdogrão

 
At 2:35 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Esta gente age por raivinhas!

 
At 8:04 da tarde, Blogger Hipatia disse...

Quando não há mais nada para fazer, desenterrem-se os defuntos :)

 
At 10:22 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Torquato da Luz
Concordo que Vital Moreira é um bom exemplo da ideia que pretendi passar.
Um abraço para si tabém

 
At 10:23 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Joãosemserdogrão

O João um dia vai-me explicar esse pseudónimo, valeu?
:)

 
At 10:23 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Hipatia
Continuas feliz e saltitante como um passarinho na primavera?
:)))))
beijocas

 
At 10:24 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

chuvamiudinha

Há alguns, chuvamiudinha, há alguns :))

 

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